Por Veronique Mortaigne, jornalista francesa
“Vestido de Amor”, o décimo álbum gravado em estúdio do cantor e compositor Chico César, aborda profundamente o tema do pan-africanismo, desta vez do ponto de vista da diáspora.
Em 1996, o artista nascido em Catolé do Rocha, na Paraíba, compôs a canção “Mama África”, em homenagem à mulher negra, mãe solteira de mãos sujas e um grande coração. Agora, nessa sociedade global onde a questão da apropriação cultural é tão aguda, parece óbvio que a África alimentou todas as tendências culturais e foi nutrida por elas.
Assim sendo, Chico César convidou Salif Keita e Ray Lema, dois grandes nomes da música africana, para contribuir com o seu novo disco “Vestido de Amor”. Como resultado, o músico entrega um álbum com múltiplas cores: do forró ao reggae jamaicano, da rumba zairense para o calipso, do coco ao elétrico rock urbano.
Primeiro trabalho do artista concebido fora do Brasil, “Vestido de Amor” elabora uma narrativa franca e lúdica, afirmação de um mundo mestiço, onde dançar é sempre possível, especialmente através da alegria, das mensagens de paz e fraternidade, mas também de luta.
Produzido pelo franco belga Jean Lamoot (Bashung, Salif Keita, Mano Negra), “Vestido de Amor” traz o mandingo kora de Sekou Kouvaté e o baixo percussivo do camaronês Etienne M’Bappé.
E, se o amor é um ato revolucionário, a música da fusão de Chico e músicos convidados é um golpe de graça!
Foto: Ana Lefaux