Dormir bem é mais do que um conforto — é uma necessidade vital. No ritmo acelerado da vida moderna, muitas pessoas acreditam que sacrificar algumas horas de descanso aumenta a produtividade. No entanto, a ciência mostra o contrário: o sono é um dos pilares fundamentais da "Saiba mais sobre" saúde, ao lado da alimentação e da prática de exercícios.
Um levantamento da Fiocruz, realizado em 2023, aponta que 72% dos brasileiros sofrem com algum tipo de distúrbio do sono.
Segundo o neurologista Edson Issamu Yokoo, da Rede de Hospitais São Camilo de "Saiba mais sobre" São Paulo, o período de descanso é quando o corpo se repara e fortalece o sistema imunológico.
Durante o sono, o corpo não está parado, mas em um estado de reparo e regeneração. A privação crônica de sono está relacionada a um maior risco de desenvolver obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares”, explica o especialista.
Além dos benefícios físicos, o sono é essencial para a saúde mental e o desempenho cognitivo. É durante o descanso que o cérebro consolida memórias e processa informações do dia.
Uma boa noite de sono melhora a capacidade de aprendizado, a concentração e a resolução de problemas. A falta de sono pode gerar irritabilidade, ansiedade e até quadros de depressão”, completa o médico.
Estudos publicados pela American Psychological Association confirmam que a privação de sono aumenta os sintomas de ansiedade e preocupação. Yokoo reforça que o bem-estar emocional está diretamente ligado à qualidade do descanso.
Quando dormimos bem, conseguimos regular melhor os hormônios do humor e reagir de forma mais equilibrada aos desafios do dia. Uma noite mal dormida nos torna mais sensíveis e propensos a mudanças de humor.”
Um dos principais reguladores do sono é a melatonina, hormônio produzido pela glândula pineal, que sinaliza ao corpo o momento de dormir.
A produção de melatonina aumenta com a escuridão. A luz azul de telas de celulares e computadores inibe esse processo, o que explica por que o uso de aparelhos eletrônicos antes de dormir atrapalha o sono”, comenta Yokoo.
Mitos sobre o sono
O neurologista também desmistifica crenças comuns sobre o tema. Dormir mais nos fins de semana, por exemplo, não compensa a falta de sono acumulada durante a semana.
A chamada ‘dívida de sono’ não é totalmente recuperada e continua afetando o corpo”, explica.
Outro equívoco é considerar o ronco como algo normal.
O ronco é um sinal de obstrução das vias respiratórias. Ele aumenta a chance de apneia, condição que pode causar pequenas lesões cerebrais e até levar a acidentes vasculares”, alerta o médico.
Sobre os cochilos diurnos, Yokoo explica que, embora úteis em alguns casos, eles devem ser curtos.
Cochilos de até 30 minutos podem ajudar na atenção e no humor. Mas cochilar por longos períodos ou muito tarde pode prejudicar o sono noturno.”
E dormir demais também não é sinônimo de descanso ideal.
O tempo ideal para adultos varia entre 7 e 9 horas por noite. Dormir em excesso de forma contínua pode estar associado a condições como depressão e diabetes”, afirma o neurologista.
Dicas para dormir melhor
O especialista da Rede de Hospitais São Camilo recomenda alguns hábitos simples que podem transformar a qualidade do sono:
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Crie uma rotina: mantenha horários regulares para dormir e acordar.
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Controle o ambiente: prefira quartos escuros, silenciosos e com temperatura agradável.
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Desconecte-se: evite o uso de telas ao menos uma hora antes de dormir.
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Relaxe: leia, medite ou tome um banho morno antes de se deitar.
“Priorizar o sono não é preguiça. É um investimento em saúde física, mental e emocional a longo prazo”, finaliza Yokoo.




