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Atividade física é pilar no tratamento do lipedema, mas qualquer uma serve? Especialista explica

Caracterizado pelo acúmulo de tecido gorduroso com aumento desproporcional no tamanho dos membros, principalmente em áreas como quadril e pernas, o lipedema tem tratamento baseado, principalmente, em mudanças no estilo de vida. E um dos pilares é a prática de atividade física. “O exercício físico tem um efeito anti-inflamatório. Isto é, a prática tem a capacidade de reduzir a inflamação responsável pelo agravamento dos sintomas do lipedema. Por isso é tão importante”, explica a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. Mas pacientes com lipedema podem realizar qualquer tipo de exercício físico? De acordo com a especialista, não. “E essa é uma dúvida frequente dentro do consultório”, pontua a médica.

Segundo a cirurgiã vascular, um dos principais motivos pelos quais pacientes com lipedema não podem realizar qualquer exercício é justamente a inflamação. “Assim como pode melhorar o quadro inflamatório, a atividade física pode piorá-lo, dependendo da intensidade e da finalidade. Por exemplo, exercícios que visam o ganho de massa muscular causam microlesões na musculatura. Essas pequenas lesões, à medida que ‘cicatrizam’, promovem o aumento da força muscular, mas também geram uma inflamação que, apesar de pequena e localizada, pode ser importante em casos de lipedema”, diz a Dra. Aline, que reforça que, para que o exercício físico tenha um efeito anti-inflamatório, é preciso que a intensidade seja muito bem ajustada, principalmente em fases graves da doença.

Além da questão da inflamação, o grau do lipedema também deve ser levado em consideração na hora de determinar o tipo e a intensidade do exercício devido a possíveis acometimentos na mobilidade. “Conforme a doença avança, com quadro inflamatório agravado e maior acúmulo maior de gordura, a paciente pode ficar mais sensível à dor e ter limitações na hora de se movimentar, o que dificulta a realização de atividades diárias, incluindo os exercícios físicos”, diz a médica, que acrescenta que esse acúmulo de gordura nos membros inferiores ainda pode causar uma mudança na marcha, atrapalhando a execução de certos exercícios, como corridas, e favorecendo a ocorrência de lesões.

Por esses motivos, antes de realizar qualquer exercício físico, é importante consultar um especialista para passar por uma avaliação, receber orientações sobre o tipo ideal de atividade física e iniciar um protocolo de tratamento adequado. “Gerenciar a doença é importante, inclusive, para potencializar a ação dos exercícios físicos, melhorando a performance e, consequentemente, os resultados. Geralmente, esse tratamento é realizado por meio da adoção de uma alimentação anti-inflamatória, uso de meias de compressão e medicamentos e realização de sessões de fisioterapias”, detalha a especialista.

Mas, de acordo com a médica, existem alguns exercícios que são mais indicados para pacientes com lipedema de maneira geral, como a hidroginástica. “Além de ser um exercício de baixo impacto, pois a água reduz o impacto nas articulações, a hidroginástica ainda promove uma drenagem linfática natural, ajudando a diminuir o inchaço e proporcionando conforto”, aconselha a médica, que também destaca o ciclismo e a caminhada como boas opções. “Em uma intensidade mais leve, as atividades aeróbicas melhoram a circulação e ajudam no controle do peso sem gerar impacto excessivo nas articulações ou piorar o quadro inflamatório”, pontua.

Mas é importante lembrar que os exercícios mudam de acordo com a gravidade da doença e a fase do tratamento. “Conforme diminuímos a inflamação, é possível aumentar a intensidade dos exercícios e incluir outros tipos de atividade física, como a musculação, pensando, inclusive, na melhora estética que as pacientes buscam”, diz a Dra. Aline. Mas a médica alerta que muitas pacientes com lipedema têm dificuldade de ganhar músculos devido a uma maior aderência e rigidez da fáscia (tecido conjuntivo que recobre os músculos), dificultando a ativação muscular. “Nesses casos, podemos recomendar, em associação à prática de exercícios físicos, a realização de sessões de campo eletromagnético, uma tecnologia que estimula os músculos a contraírem em uma intensidade e velocidade muito maior do que conseguiríamos sozinhos. Em resposta às contrações, ocorre hipertrofia, com aumento da massa muscular, e perda de gordura, devido ao aumento do gasto calórico”, completa.

FONTE: *DRA. ALINE LAMAITA: Cirurgiã vascular, Dra. Aline Lamaita é membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine, a médica é formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2000) e hoje dedica a maior parte do seu tempo à Flebologia (estudo das veias). Curso de Lifestyle Medicine pela Universidade de Harvard (2018). A médica possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. RQE 26557. Instagram: @alinelamaita.vascular
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