Entre os dias 3 e 5 de maio, a Fundação Osesp promove um encontro inédito entre duas das maiores referências da cultura brasileira: a Osesp e o Grupo Corpo. Serão apresentadas duas coreografias no palco da Sala São Paulo: um excerto da peça Dança sinfônica (2015), com música do brasileiro Marco Antônio Guimarães; e Estância, composta pelo argentino Alberto Ginastera e que teve sua estreia em 2023 em Los Angeles (EUA), a partir de uma encomenda do maestro venezuelano Gustavo Dudamel. A regência da Osesp será do argentino Dante Santiago Anzolini.
Os ingressos para as três apresentações custam de R$ 39,60 a R$ 150,00 (valores inteiros) e começam a ser vendidos às 12h (meio-dia) desta segunda-feira (25/mar) – basta clicar neste link.
Sobre as coreografias:
Dança sinfônica estreou na temporada de 2015, que comemorava os 40 anos de existência do Grupo Corpo, quando o diretor artístico Paulo Pederneiras propôs uma celebração da memória da companhia. A encomenda da trilha foi feita a Marco Antônio Guimarães (1948-), cinco vezes colaborador do Corpo na criação de balés históricos como 21 e Bach, e o resultado pinçava e trançava trechos memoráveis de trabalhos anteriores. Sobre essa teia, Rodrigo Pederneiras recombinou e recriou seu singular vocabulário coreográfico reconhecido mundo afora.
A música foi gravada, com roupagem sinfônica, pela Filarmônica de Minas Gerais, sob a batuta de Fabio Mechetti e com participação do grupo Uakti; citações, combinações e transmutações das trilhas que fizeram a história do Grupo Corpo são traduzidas em cena nos gestos – frequentemente reconhecíveis e ao mesmo tempo renovados – dos bailarinos, com os rapazes vestidos de preto e as moças, de collants vermelho-vinho e rosa pálido.
Criada em 1941 como um balé por Alberto Ginastera (1916-1983), já um compositor de renome em sua Argentina natal, sobre poemas de José Hernandez, em especial El gaucho Martín Fierro (1872), Estância só estreou como espetáculo de dança em 1952. Antes disso, Ginastera transformou os quatro movimentos da música em uma suíte orquestral – bastante executada até a atualidade.
Na coreografia que criou em 2023 para a peça completa, Rodrigo Pederneiras, que tem grande proximidade com a obra de Ginastera, é guiado – como sempre – pela música. Lirismo, os sons da terra e da natureza, encerrando com o malambo, vigorosa dança típica dos pampas, marcam as quatro cenas do balé.
Um dos maiores desafios do projeto foi dividir o espaço cênico com uma orquestra em cena. A iluminação, da mesma forma, está condicionada à interação com o grupo de músicos, mas trabalha com habilidade luz e sombra sobre os conjuntos de dançarinos. Já os figurinos, criados por Janaína Castro, abraçam os tons terrosos, com as bailarinas vestindo saias que remetem ao formato dos tradicionais ponchos.