A sustentabilidade deixou de ser um diferencial estético ou conceitual e passou a impactar diretamente o valor e a liquidez dos imóveis de alto padrão no Brasil. O mercado de luxo vive uma mudança clara no comportamento do comprador, impulsionada pela maior conscientização ambiental e pela busca objetiva por redução de custos operacionais, conforto e segurança patrimonial.
Esse movimento se apoia em dois fatores centrais. O primeiro é a percepção cada vez mais concreta dos impactos ambientais, intensificados por eventos climáticos como secas, enchentes, ciclones e incêndios. O segundo é a economia gerada por empreendimentos sustentáveis ao longo do tempo. Para Iago de Oliveira, consultor de sustentabilidade e sócio da Bloco Base, o consumidor passou a enxergar a sustentabilidade como algo mensurável. “As pessoas estão mais conscientes sobre como seu consumo impacta o meio ambiente, mas também percebem imediatamente a diminuição das despesas de operação do imóvel”, explica.
Uma pesquisa da plataforma imobiliária digital Loft reforça esse cenário. Mais de 80% dos entrevistados afirmam perceber economia de energia em edifícios sustentáveis, enquanto mais de 40% apontam o impacto ambiental como fator determinante na escolha do imóvel. Ao mesmo tempo, 46% dizem precisar de mais informações para avaliar se o investimento realmente compensa, o que evidencia a importância da comunicação técnica e transparente no mercado de alto padrão. “O comprador quer entender com clareza: qual é a economia, onde ela acontece e em quanto tempo se paga”, acrescenta Iago.
Liquidez maior e valorização contínua no mercado de luxo
Nos empreendimentos de alto padrão, atributos sustentáveis ampliam a liquidez e aceleram as vendas. Imóveis com eficiência energética, ventilação natural, uso de espécies nativas, redução do consumo de água e tecnologias inteligentes tendem a ser comercializados com mais rapidez, por entregarem benefícios claros em economia, conforto e menor impacto ambiental.
Para investidores, a lógica é semelhante. A sustentabilidade melhora o desempenho do ativo no longo prazo, reduz custos operacionais, aumenta o apelo comercial e prepara o imóvel para futuras regulamentações ambientais. Esse conjunto contribui diretamente para a valorização contínua do metro quadrado.
O que gera valor para o comprador de alto padrão
Entre os atributos sustentáveis mais valorizados pelo consumidor de luxo estão a redução do consumo de água, altamente perceptível no dia a dia e relevante em um país marcado por crises hídricas recorrentes. A eficiência energética e o conforto térmico também ganham destaque, ao reduzir o uso de ar-condicionado e iluminação artificial, impactando custos e bem-estar.
O paisagismo regenerativo, com uso exclusivo de espécies nativas, reforça a recuperação de ecossistemas e a conexão com o entorno. Materiais de baixo impacto, melhoria da qualidade do ar interno, redução de compostos orgânicos voláteis, reciclagem de resíduos e práticas de obra limpa também entram no radar, associados à saúde dos ocupantes. Tecnologias inteligentes para gestão de água e energia completam a lista de diferenciais competitivos.
Em muitos casos, esses atributos não encarecem o produto final e tornam a escolha mais evidente. “Se dois empreendimentos custam o mesmo, o comprador certamente optará pelo que oferece atributos sustentáveis”, afirma Iago.
O consumidor de alto padrão também se mostra mais orientado por dados. Influenciado por macrotendências globais como o green pressure, apontado pela Trendwatching como principal tendência de consumo da década, ele busca soluções que reduzam a chamada culpa do consumo. Nesse contexto, práticas regenerativas funcionam como um elemento de segurança emocional e de pertencimento.
Para que isso se converta em venda, estudos técnicos de eficiência energética, consumo de água, resíduos e emissões tornam-se fundamentais. Eles embasam a comunicação, fortalecem o trabalho dos corretores e dão suporte à decisão de compra. “Não produzimos estudos para ficarem na gaveta. São dados claros e mensuráveis que ajudam tanto na comunicação quanto na tomada de decisão”, destaca o especialista.
Mesmo que nem todos estejam dispostos a pagar mais, a decisão entre imóveis de mesmo valor já aponta uma direção clara. A sustentabilidade deixou de ser acessório e passou a integrar a percepção de qualidade, economia, bem-estar e valorização futura no mercado imobiliário de alto padrão.
Instagram:
Bloco Base: @blocobase




