Todo ano, quando a lua cheia do 12º mês lunar chega, a Tailândia acende seu próprio céu. É quando o país inteiro se ilumina para o Festival das Lanternas, um dos rituais mais fotogênicos, espirituais e disputados do planeta. E, entre os milhares de visitantes, um grupo tem crescido de forma tão expressiva que ganhou até tradução própria: os brasileiros, hoje o terceiro maior público estrangeiro do evento, atrás apenas de japoneses e chineses. Estima-se que, em 2025, entre 4,5 mil e 5 mil brasileiros tenham vivido a experiência, segundo a Capital Marketing, representante oficial do Turismo da Tailândia no Brasil.
O interesse é tão grande que o festival em Chiang Mai conta, há alguns anos, com tradutor oficial para português. E a popularização do boca a boca tem força de campanha. “Quem vai volta transformado — e indicando pra todo mundo. No ano seguinte o grupo dobra”, conta Carolina Taketomi, sócia da agência Se Tu For, Eu Vou – Viagens, que levou 43 viajantes para a edição deste ano. “A Tailândia virou o nosso ‘Brasil da Ásia’”, brinca.
O Chiang Mai CAD Festival, produzido pelo Chiang Mai Arts & Design, é o queridinho dos estrangeiros. O cenário parece feito sob medida para um filme: natureza ao redor, rituais budistas, apresentações culturais, um buffet tailandês e o momento que ninguém esquece: quando milhares de lanternas sobem juntas, enquanto pequenas cestas de luz flutuam pelo rio. “É superconcorrido. O ideal é comprar ingresso um ano antes”, diz Carolina. Nas expedições da agência, tudo já vem garantido: transporte privativo, áreas privilegiadas e zero dor de cabeça.

O momento em que o céu acende
Quando a noite cai, o espetáculo começa. Lanternas sobem devagar, como se alguém estivesse acendendo o céu manualmente, e o rio vira um tapete dourado. “É impossível não arrepiar. Primeiro vem o silêncio coletivo, depois os sorrisos, os abraços. Tem algo muito forte ali”, conta Carolina. O gesto carrega um simbolismo antigo: deixar ir o que não serve mais para abrir espaço para o novo. Talvez por isso o festival ecoe tanto no brasileiro — povo que ama um recomeço.
Para muitos, a "Saiba mais sobre" viagem vira um divisor de águas. Já houve pedido de casamento, renovação de votos e lágrimas de quem acreditava que jamais viveria algo assim. “É muito especial participar desse momento na vida das pessoas”, diz Carolina. Ela também aponta outro responsável pelo boom de interesse: o filme Enrolados, da Disney, que apresentou o festival a uma geração inteira de futuros viajantes.
A tradição tem origem no antigo povo Lanna, do norte do país, que enviava lanternas ao céu como forma de fazer seus pedidos chegarem às relíquias de Buda. A prática se transformou, ganhou proporções globais e hoje aparece em mil fotos e vídeos m,as continua preservando seu lado espiritual, mantido em casas e templos adornados por pequenas velas e luzes.
Os viajantes são diversos: casais em lua de mel, amigos atrás de aventura, mães e filhas, e muitos solos que embarcam tímidos e voltam com novos amigos para a vida toda. Em uma única viagem, dá para alimentar elefantes, conhecer a tribo das mulheres-girafas, provar insetos fritos, visitar templos, receber massagem tailandesa diária e ainda curtir algumas das festas mais animadas do planeta.
Por que tantos brasileiros estão indo para a Tailândia?
O aumento do interesse brasileiro tem explicação. Além do custo-benefício — hospedagens, passeios e alimentação saem bem mais barato que em outros destinos internacionais —, a conectividade aérea cresceu, novas rotas foram abertas e, para completar, brasileiros não precisam de visto para entrar no país por até 90 dias. Fica fácil entender por que a Tailândia se tornou um sonho… e por que tantos brasileiros estão descobrindo que dá, sim, para viver um pôr do sol dourado com lanternas subindo no horizonte.




