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Bourbon Festival Paraty retorna após dois anos de hiato com shows históricos e público recorde

por Rafael Filipe Ferreira

A pequena e charmosa cidade de Paraty (RJ) ficou repleta de pessoas do Brasil e do mundo no último final de semana para receber de volta um dos mais tradicionais festivais de Jazz do Brasil. A 12ª edição do Bourbon Festival, organizado pela casa de shows paulistana Bourbon Street, aconteceu nos dias 20, 21 e 22 de maio após dois anos de pausa por causa da pandemia da Covid-19.

O Festival teve um início emocionante com a Orquestra Sinfônica de Paraty, comandada pelo maestro Weslem Daniel. O grupo se formou oficiamente em maio de 2021 e teve início como um projeto sociocultural. Tocaram de Mozart, passando por clássicos de Tom Jobim, como “Garota de Ipanema”, até sucessos recentes, como “Cheia de Manias”, de Raça Negra. Não poderia ter um início melhor depois de tanto tempo de espera. Em seguida, houve o show histórico de João Bosco no palco da Igreja Matriz, que fez uma apresentação empolgante com diversos sucessos de sua carreira, como “Papel Machê” e “Quando o Amor Acontece”, além de alguns clássicos de Elis Regina, como “O Bêbado e a Equilibrista”. O público foi à loucura.

A noite da primeira noite do festival foi encerrada com a banda Blues Beatles, que fez um show com releituras de sucessos do quarteto de Liverpool, como “Help” e “Here Comes The Sun”, entre outras. No sábado (21), o festival começou mais cedo e teve grandes apresentações no palco Santa Rita. Menor e mais intimista, o local fica em frente à uma igreja e reúne um público mais familiar que assiste aos shows bem mais à vontade. Entre os destaques, há o guitarrista Alfredo Lima e seu quarteto, que fez um lindo show marcado por diversos ritmos, como jazz, blues e bossa nova, e que contou com a participação do músico Jefferson Gonçalves em uma ótima junção da gaita com a guitarra. Outra grande apresentação foi a do  trombonista Joabe Reis, um dos grandes nomes da nova geração, e que junto com Marcelo Martins no sax tenor e Sidmar Vieira no trompete fizeram um show emocionante.

No palco da Matriz, houve a belíssima apresentação do guitarrista, violonista e cantor Toninho Horta, que participou do Clube da Esquina. O músico tocou músicas conhecidas de seu repertório, como “Manuel Audaz”, “Beijo Partido”, “Trem Azul”, entre outras,  além de ter feito uma homenagem a Milton Nascimento, que anunciou sua despedida dos palcos este ano. Em seguida, o guitarrista do Mississippi Vasti Jackson, que já trabalhou com B.B King, fez uma apresentação empolgante. No final do show, o músico desceu do palco e tirou várias fotos com o público presente, sem deixar de tocar a sua guitarra. Impressionante. Os shows da noite foram encerrados com Vanessa Jackson ( Que não é parente do Vasti), que fez um show contagiante com diversos clássicos, como ​​I’ll Be There”, dos Jacksons 5, “Celebration”, da Kool & The Gang, “(I’ve Had) The Time Of My Life”,  de Bill Medley e Jennifer Warnes, “Olhos Coloridos, de Sandra de Sá, entre outras.

O último dia do festival no último domingo (22) começou com uma grande apresentação dentro da  Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e de São Benedito, construída por escravos em 1725. O saxofonista paulista Sérgio Lyra, acompanhado pelo quarteto de cordas Quintessência Strings, trouxe uma fusão da música clássica com a popular em um concerto especial. Em seguida, se apresentaram no palco Santa Rita diversos jovens de favelas do Rio de Janeiro que fazem parte do projeto Favela Brass, que selecionou 14 promissores adolescentes das comunidades carentes para uma formação com metais no melhor estilo da música de New Orleans. Foi um lindo show. Entre os destaques deste dia, está a apresentação do francês Jerome Charlemagne e seu quarteto, com o músico Rhandal Oliveira, que é natural natural de Paraty e Jefferson Gonçalves com o Bittencourt Duo que trouxeram uma fusão da gaita com a guitarra fazendo uma apresentação animada para fechar a programação do palco.

No palco da Matriz, houve duas lindas apresentações de músicos tradicionais dos Estados Unidos. Delfeayo Marsalis, fruto de uma tradicional família de músicos, trouxe junto com seu quarteto grandes músicas de Nova Orleans e John Pizzarelli, vindo diretamente de Nova York, tocou grandes clássicos da música brasileira, como “Garota de Ipanema” e “Águas de Março”, sucessos dos Beatles e outras pérolas da música em um formato único. Para fechar este festival incrível, a banda Grooveria trouxe o swing vibrante de sucessos da MPB. O Festival também trouxe os Buskers (artistas de rua) que se apresentaram em dois pontos da cidade, como o One-Man-Band Vasco Faé e a Cah BeatBoxl, que faz diversos sons de instrumentos com a boca. A Orleans Street Band também se apresentou pelas ruas de Paraty trazendo um pouco do espírito de Nova Orleans.

Edgard Radesca, fundador do Bourbon Street e diretor-geral do Festival, disse que considera esta edição como a maior de todos os tempos. “Ele vem em um momento importante para os amantes da música e para as pessoas que depois de 3 anos estão podendo voltar à vida e à alegria. O festival vem como um contraponto a este período tão duro que nós passamos”, afirmou.

Radesca também disse que o principal destaque do evento foi a integração com os músicos da cidade e a ampliação do evento, levando música em uma kombi em todas as praias de Paraty, além da criação, no segundo semestre, de uma oficina de capacitação para os moradores da cidade que trabalham com eventos.

“Nós achamos que o festival tem que ser participativo e integrativo”, disse. Radesca adiantou que a festa de aniversário do Bourbon Street vai acontecer no final de setembro no Parque Burle Marx em São Paulo com grandes apresentações (ainda não foram divulgados nomes) e que também vai ter apresentações na periferia da cidade. Vida longa ao festival!

Fotos: Pedro Guida/Divulgação

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