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Outubro Rosa, com a Ana Salomon especialista em nutrição

Com o intuito de conscientizar a população para prevenção, a especialista Ana Salomon, do Centro Universitário de Brasília (CEUB), alerta que o cuidado diário na prevenção do câncer está ligado diretamente aos hábitos alimentares.

Quais alimentos são os vilões da alimentação para as mulheres?
Dentre os alimentos considerados inadequados, temos os fast foods, alimentos ultraprocessados, que contêm quantidades elevadas de gorduras saturadas e açúcar, além de gorduras trans – que não devem ser consumidas em quantidade alguma. O consumo elevado de carnes vermelhas (em mais de 500 g de carne preparada por semana), bem como das gorduras das carnes (gordura aparente, peles e couro), é outro fator que interfere na saúde feminina e na produção de hormônios, interferindo de forma negativa na amamentação e na própria fertilidade. Além dos alimentos, as bebidas com altos teores de açúcar (bebidas açucaradas) e bebidas alcoólicas também são prejudiciais e não devem ser consumidas.

Existem grupos de alimentos cancerígenos que devemos banir da alimentação?
Peixes em salga, carnes em conserva e embutidos devem ser evitados por aumentarem o risco para câncer. Além, é claro, dos alimentos ricos em açúcar e gordura. O mesmo deve ser considerado para as bebidas açucaradas e bebidas alcoólicas devem ser igualmente evitadas.

Quais alimentos ajudam o corpo a funcionar melhor e prevenir o surgimento de câncer?
Os alimentos ricos em fibras, como as frutas, legumes e verduras e cereais integrais que, além das fibras, são compostos por vitaminas e minerais antioxidantes que protegem o corpo contra os efeitos danosos dos fatores ambientais a que estamos expostos.

Dentre os vegetais, destacamos o consumo dos vegetais não amiláceos: cenoura, beterraba, aipo, nabo, assim como vegetais verdes, folhosos (como espinafre e alface); vegetais crucíferos (brócolis, repolho e agrião); e do gênero allium, como cebola, alho e alho-poró. As batatas e outros tubérculos (inhame, cará, mandioca) devem ser consumidos com moderação, por conterem teores mais elevados de energia e carboidratos.

Quanto às frutas, vale reforçar a importância do consumo de frutas de cores diferentes (por exemplo, vermelha, verde, amarela, branca, roxa e laranja), para garantir um aporte adequado de vitaminas e minerais. Assim, a grande base da alimentação deve ser composta por grãos integrais, vegetais não amiláceos, frutas e leguminosas (como feijão, soja, grão de bico, lentilha ou ervilha fresca).

Quais substâncias benéficas encontradas nos alimentos que preservam a saúde da mulher, em especial?
Vitaminas, minerais e fibras, que atuam mantendo o equilíbrio corporal, evitando o estresse oxidativo (que favorece o câncer) e promovendo um funcionamento intestinal normal. É importante mencionar que, segundo o INCA, não existe benefício em substituir as fontes alimentares desses nutrientes por suplementos vitamínicos e minerais que, além de não gerarem o mesmo efeito (por não conterem todas as substâncias que os alimentos possuem), podem aumentar o risco para certos tipos de câncer, quando consumidos em doses excessivas (principalmente sem a orientação e prescrição de um médico ou nutricionista).

Qual é a relação entre os alimentos orgânicos e os alimentos vendidos em mercados tradicionais. Dá para manter uma dieta equilibrada e de baixo custo?
Os alimentos orgânicos têm a grande vantagem de não demandarem a utilização de agrotóxicos para seu cultivo e muitos agrotóxicos causam prejuízos nas células, aumentando o risco para câncer. É possível sim manter uma dieta equilibrada e de menor custo quando adquirimos esses alimentos de produtores locais que, por não precisarem da intermediação de outros comerciantes, conseguem manter os preços mais acessíveis.

Quais as gorduras podem e devem ser consumidas para a boa saúde feminina?
As melhores gorduras são aquelas provenientes de fontes vegetais, com exceção de gordura de coco e palma. As gorduras de melhor qualidade se mantêm na forma líquida na temperatura ambiente, como os óleos vegetais e mesmo o óleo de peixe. Já as gorduras mais prejudiciais se mantêm mais pastosas em temperatura ambiente (como a gordura do coco). Exemplos de boas gorduras são o azeite de oliva, as gorduras presentes em frutas (como o abacate), oleaginosas (castanhas, amendoim, amêndoas, nozes, entre outras) e sementes (girassol, gergelim, entre outras).

Os laticínios são boas opções dentro dessa proposta de alimentação saudável?
São, sim. Especialmente porque o leite e seus derivados são boas fontes de cálcio, entre outros minerais e vitaminas. Devem ser escolhidas as opções com menores teores de gorduras, que são os desnatados ou semi-desnatados.

Existe alguma suplementação ou reposição capaz de evitar o aparecimento dessas doenças?
Não existem pesquisas que comprovem que suplementos são boas opções para a substituição do alimento em si, o que é reforçado pelo INCA. Na realidade, um suplemento utilizado sem a prescrição de um profissional habilitado pode inclusive prejudicar o funcionamento do corpo e aumentar o risco de câncer. Assim, não é indicado o uso de suplementos para a prevenção de doenças. O que se indica é a realização de um acompanhamento regular com o médico e o nutricionista, que, na suspeita de alguma deficiência, solicitarão exames e, caso seja comprovada, farão a reposição específica de nutrientes em deficiência.

Qual é o recado que você gostaria de deixar às mulheres, em relação ao cuidado com a alimentação e a prevenção de doenças?
Uma alimentação saudável, que inclui preparações à base de alimentos naturais e que contemple variedade e quantidade corretas de frutas, verduras e legumes (no mínimo 400 gramas ao dia ou 5 porções), além de cereais integrais, é fundamental para manter um estado nutricional adequado e para prevenir vários tipos de doenças. E não só isso: garantir o consumo de uma alimentação saudável é garantir um futuro saudável, com qualidade de vida!

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