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Lia de Itamaracá faz show emocionante na Casa de Francisca e afirma: “Quero ver até onde posso chegar”

Por Rafael Filipe Ferreira

A cantora Maria Madalena Correia do Nascimento, conhecida como Lia de Itamaracá, encanta multidões ao levar a Ciranda para todos os cantos do Brasil. É considerada a rainha do ritmo, tradicional no nordeste. Na última terça-feira (31), ela recebeu a BlackCard Digital para uma entrevista exclusiva na Casa de Francisca, onde fez dois shows.

Na charmosa casa de shows, localizada no centro de São Paulo, o público ficou boa parte do show em pé e até fez uma roda durante a apresentação, marcada por muita animação

Ela estava acompanhada de 9 pessoas, incluindo duas  backing vocals, as irmãs Severina Baracho e Dulce Baracho. Lia é um fenômeno por onde passa. Apesar de começar a cantar aos 12 anos  e gravar seu primeiro LP aos 33 anos, em 1977, Lia só teve seu merecido reconhecimento depois de 20 anos, ao fazer parte da cena do manguebeat em Recife nos anos de 1990, ao fazer parceria com bandas como Chico Science e Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, entre outros. Ao ser questionada por tamanha demora para seu reconhecimento, a cantora afirma: “Faltou incentivo, apoio. Porque se ninguém chegar, eu fico sozinha.”

Um dos grandes responsáveis pelo seu sucesso foi seu produtor Beto Hees, que fez a cantora sair da ilha que lhe dá nome e hoje é responsável por toda sua preparação, incluindo  passar as roupas que usa até os últimos ajustes do figurino no corpo de Lia. Após ser citada pelo vencedor do Emmy, Jon Batiste, como uma das inspirações, Lia disse que quer conhecê-lo. “Eu quero me encontrar com ele”, afirmou a cantora. A cantora também lamentou as chuvas que atingem Pernambuco e que já vitimaram mais de 100 pessoas. “Aquilo foi uma coisa horrível. Ainda tem pessoas soterradas. Está uma calamidade muito grande”, disse Lia.

Confira a entrevista completa:

Quando foi que você começou a se interessar pela Ciranda e qual a importância deste ritmo?

“Eu comecei a me interessar pela música com 12 anos de idade e com 19 anos assumi a responsabilidade. Gravei o  meu primeiro LP em 1977. A Ciranda não tem preconceito. Dança todo mundo. Isso que é importante e eu me sinto muito feliz fazendo o papel que eu faço.”

Qual sua principal inspiração para compor?

“As minhas músicas são inspiradas pela onda do mar. Eu saio de casa, vou para a praia, me sento e começo a escrever. A onda vem e apaga, eu vou e acendo, quando a onda vai que volta, a música está pronta.”

Neste seu novo disco, Ciranda Sem Fim, você fez uma junção com o eletrônico, através do DJ Dolores. O que você achou desta parceria?

“Para mim foi bom, porque era um lado que eu não conhecia e que não sabia onde ia me encaixar. Eu quero ver até onde eu posso chegar e me dei muito bem com o DJ Dolores.”

Em 2005, você foi considerada Patrimônio Vivo pelo governo de Pernambuco. Qual a importância deste título?

“Isto é reconhecimento do meu trabalho. O tempo que eu tenho com a música, mais de 60 anos, não ter um reconhecimento, é cruel. Também recebi o Doutor Honoris Causas, o título de cidadã de São Lourenço da Mata, no Rio de Janeiro e, recentemente, em São Paulo.”

Você participou de Bacurau e vai fazer a série “Santo” na Netflix. Como foi ser atriz?

Eu amei, gostei. Me senti muito bem. Eu também não sou só artista, também sou atriz. Para mim era tão difícil, mas não é. Agora fiz a série Santo, da Netflix, onde faço a mãe de santo do personagem de Bruno Gagliasso (protagonista da série).

Você é tema de uma exposição no Itaú Cultural (em cartaz até 10/7). O que você achou desta homenagem?

“Tudo dali está na minha casa. Uma maravilha. Está aprovado.”

Há esperança de tempos melhores?

“É como diz o ditado “A fé que cura”. Você tem que ter fé, tem que ter responsabilidade, obedecer o que Deus manda fazer.”

Foto reprodução/instagram @casadefrancisca

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