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Campos do Jordão acelera no turismo de negócios com investimento de R$ 60 milhões em novo centro de convenções

O turismo de negócios vive uma expansão inédita no Brasil. Entre janeiro e setembro de 2025, o setor movimentou R$ 106,5 bilhões, segundo o Levantamento de Viagens Corporativas (LVC), da Fecomercio-SP em parceria com a Alagev. O número representa alta de 6,8% ante o ano anterior e confirma uma tendência: a volta definitiva dos eventos presenciais. Só em setembro, a movimentação alcançou R$ 13,4 bilhões, o maior valor da série histórica.

Nesse cenário de retomada e qualificação, Campos do Jordão, tradicionalmente associada ao turismo de inverno e à hotelaria de charme, emerge como um novo polo para viagens corporativas. Dados da Omnibees colocam o destino entre os 30 mais procurados para o segmento em 2025, impulsionado por infraestrutura robusta, localização estratégica e um calendário ativo de experiências o ano inteiro.

Campos Hall, novo espaço de eventos em Campos do Jordão / SP
Campos Hall, novo espaço de eventos em Campos do Jordão / SP

Um investimento que muda o jogo

O movimento de profissionalização ganhou um novo marco com a inauguração do Campos Hall, centro de convenções de padrão internacional que recebeu R$ 60 milhões em aquisição e modernização. Antes administrado pelo Grupo Doria, o espaço agora está nas mãos de empresários e investidores da Serra da Mantiqueira, que assumem a gestão com foco em inovação, versatilidade e fortalecimento regional.

A expectativa é que o empreendimento gere R$ 195 milhões na economia local nos próximos 24 meses, considerando hospedagem, gastronomia, transporte, serviços técnicos, produção de eventos e emprego direto e indireto. A assinatura do projeto, “Do Business ao Espetáculo”, resume a ambição: ser uma arena multifuncional capaz de receber congressos, feiras, shows, experiências imersivas, competições esportivas e formaturas, adaptando-se a até 15 configurações diferentes e acolhendo 4.700 pessoas.

Com 5.678 m², pé-direito de 8 metros, ambulatório equipado, acessibilidade plena, cozinha industrial e estacionamento conveniado, o Campos Hall foi assinado por João Armentano e desenhado para competir com centros de eventos de grandes capitais, mas com o charme e a identidade da Mantiqueira.

Mais do que arquitetura, o Campos Hall quer entregar experiência. Por isso criou um serviço de conciergeria que conecta organizadores a fornecedores homologados: hotelaria, mobilidade, catering, logística, entretenimento, gastronomia e experiências locais — algo que aproxima o visitante da cidade e eleva o padrão do turismo regional.

“Queremos integrar o evento ao território. Propósito, cultura e natureza se conectam aqui. Esse é o espírito de Campos do Jordão”, afirma Erich Progin, COO e sócio do Campos Hall.


Erich Progin (COO Campos Hall), Mônica Samia (Secretária Executiva de Turismo do Estado de SP), Caê (Prefeito de Campos do Jordão), Luana Nogueira (diretora executiva Alagev), Sidney Isidro (presidente Comtur Campos do Jordão)

União empresarial e visão compartilhada

Apesar do glamour histórico da cidade, empresários locais reconhecem que crescer sozinho não funciona. Nos últimos anos, a região vem passando por um processo organizado de união com hotéis, restaurantes, parques, produtores e gestores trabalhando na mesma direção.

O resultado tem sido visível: feriados lotados com mais de 100 mil visitantes, ocupação hoteleira que se fortalece fora da alta temporada e redução da sazonalidade graças ao B2B. Caê, prefeito da cidade, afirma que é um movimento que exige maturidade. “Precisa deixar ego e vaidade de lado. Se o restaurante do lado está cheio, ótimo — o meu também estará. Campos não pode entregar um prato mal feito, uma experiência mal cuidada, porque isso queima o destino inteiro”, explica.

O turismo, que representa praticamente 100% da economia local, começa a ser trabalhado também como educação. Crianças visitam hotéis, entendem como funciona a operação, veem familiares atuando na cadeia. Isso cria pertencimento e prepara a próxima geração para trabalhar no setor sem abandonar a escola — um tema sensível na região, com históricos de evasão e trabalho infantil em empreendimentos gastronômicos.

Campos do Jordão

Turismo regional e a força da Mantiqueira

A estratégia em curso vai além do perímetro municipal. O objetivo é posicionar a Região da Mantiqueira como um corredor integrado de eventos e experiências, envolvendo Santo Antônio do Pinhal, São Bento do Sapucaí, Monteiro Lobato e bairros rurais de Campos do Jordão.

Há ainda conversas para aproveitar a política de stopover de companhias aéreas, que permitem paradas no aeroporto de Guarulhos por até 5 dias, para atrair visitantes internacionais, criando rotas que unam natureza, gastronomia, arte, tecnologia e eventos corporativos.

Capivari

Zeladoria, infraestrutura e futuro

O destino também investe naquilo que o turista não vê, mas sente: segurança e zeladoria. Campos adotou câmeras com reconhecimento facial, iluminação ampliada, manutenção constante das vias e limpeza urbana. São diferenciais que influenciam diretamente na decisão de um organizador de eventos.

O debate sobre um novo aeroporto regional começa a ganhar força, mas os envolvidos no projeto reforçam que é preciso “gerar fluxo antes da infraestrutura”. Entre as sugestões estão subsídios temporários de combustível, voos compartilhados e incentivos para empresas que ampliem operações na região.

De destino sazonal a hub de negócios

Com novos investimentos, união empresarial e uma estratégia que combina experiência, identidade local e capacidade técnica, Campos do Jordão muda de posição no turismo brasileiro. De destino sazonal, passa a disputar espaço com centros consolidados de convenções — mas oferecendo algo que grandes cidades não replicam facilmente: natureza, clima, charme, gastronomia e a sensação de exclusividade.

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