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Espetáculo “Copo Vazio” Retorna com Temporada Gratuita no TUSP Maria Antonia

O espetáculo “Copo Vazio”, com direção de Bruno Perillo, fez sua estreia há pouco mais de um mês no Sesc Belenzinho, com ingressos esgotados antes do fim da temporada. A peça, uma adaptação do livro de Natalia Timerman feita pela dramaturga Angela Ribeiro, reflete sobre a necessidade de desenvolver a responsabilidade afetiva. “Copo Vazio” inicia uma nova temporada teatral, gratuita, no TUSP Maria Antonia (Rua Maria Antônia, 294), entre os dias 5 e 21 de julho, com sessões às sextas e sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h.

Idealizado por Carolina Haddad, o espetáculo tenta reconstruir a trajetória de Mirela e Pedro, personagens do romance que viveram um intenso relacionamento por três meses até que Pedro decide sumir de maneira repentina. A psiquiatra e escritora brasileira Natalia Timerman lançou o livro “Copo Vazio” (Ed. Todavia) em 2021, uma ficção que aborda a experiência de abandono a partir de sua própria vivência com um “ghosting” (desaparecimento voluntário e repentino de alguém em um relacionamento amoroso, sem quaisquer explicações ou aviso).

A narrativa explora o ponto de vista de Mirela, uma mulher inteligente e bem-sucedida que acaba submersa em afetos perturbadores ao se apaixonar por Pedro, que a abandona. “Pedro desaparece de sua vida sem nenhum motivo aparente e Mirela precisa lidar com esse sentimento que é pior do que uma simples rejeição. Vemos uma mulher angustiada, buscando nas suas memórias algum sinal de que ela cometeu algum erro durante a relação. A vida dela vai acontecendo e ela está sempre às voltas com esse fantasma”, conta Carolina Haddad.

A direção de Bruno Perillo é delicada e elegante, características que marcam seu estilo de trabalho. Mesmo ao tratar de um assunto espinhoso, como a desilusão e a revolta de Mirela com o desaparecimento abrupto de Pedro, Bruno o faz com sensibilidade, sem apelar para o melodrama, contando com a excelente interpretação de Carolina Haddad. A cena de relação sexual entre os personagens é apresentada de forma bonita e poética, demonstrando a elegância do encenador.

Enquanto o livro está focado na vulnerabilidade da protagonista, na peça, os atores recriam a história, levantando questionamentos sobre os personagens. Dessa forma, a peça convoca a uma discussão coletiva sobre a superficialidade dos relacionamentos contemporâneos. Entre os questionamentos levantados estão: o medo de sofrer está impedindo as pessoas de apostarem no amor? Ou o mundo virtual está deixando os indivíduos mais solitários? A peça não se propõe a trazer respostas exatas, mas enfatiza que amar é se colocar em risco e não apenas uma teoria.

“Nós queremos mostrar que ter responsabilidade afetiva é essencial para qualquer relacionamento. Somos seres dotados de sentimentos e não podemos perder a empatia. Afinal, as pessoas podem estar lidando com situações que nem imaginamos e simplesmente sumir da vida de alguém, como acontece na história, pode disparar gatilhos bem ruins”, defende Carolina.

Sobre a Encenação

Do ponto de vista narrativo, a peça é estruturada sem uma ordem cronológica, assim como no romance. Presente, passado e futuro se misturam a todo momento, conduzindo a plateia a um labirinto de sensações vertiginosas, como se Mirela tivesse sido lançada num abismo. Para dar conta dessa complexidade, os intérpretes Carolina Haddad e Vinícius Neri alternam-se entre momentos em que são atores discutindo sobre os personagens e momentos em que vivem a história. Em algumas cenas, seus corpos estão em um tempo e suas vozes em outro.

O espetáculo é metalinguístico e utiliza recursos como vídeo-projeções mapeadas, trilha sonora, canto, dança, elementos cenográficos e iluminação para multiplicar os planos de percepção do público. “Quisemos transportar o tom da prosa poética da narrativa original para os palcos”, diz Perillo.

Sinopse

A partir da obra homônima de Natalia Timerman, a peça “Copo Vazio” coloca em cena uma atriz e um ator ensaiando e refletindo sobre seus personagens, Mirela e Pedro. O tema central é a responsabilidade afetiva nos relacionamentos contemporâneos, destacando o desaparecimento repentino de Pedro da vida de Mirela após três meses de intenso relacionamento, caracterizado como ‘ghosting’.

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